sábado, março 31

Coisa de doido

Quero segurança, quero paz, quero amor.
Eu sou mais sentir do que pensar,
sou mais eu do que os outros,
mas não deixo de ser um apanhado de tudo o que existe

Um emaranhado de coisas, de sentimentos, de sensações
e percepções e amores e dores.
Sou um tanto quanto pouco menos do que penso que sou,
do que acho que quero ser.

Meu cotidiano comum rotineiro e com pouca coisa especial,
fora isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Sou capaz de viver a minha vida e querer voltar para viver
outras vidas, muitas vidas.

Cúmplices, amigos, namorados e namoradas,
Gay, passista, lésbica, religiosas,
loucos, insanos e bêbados.
O meu forte são os problemáticos

Por que comigo é assim,
é tudo misturado, tudo junto e misturado.
Não sou dos que andam em bando, onde
é só isso ou só aquilo...

Comigo não, comigo é eu aqui e você aqui também.
Somos nós dois todos diferentões em uma mistura homogenia
e cheia de 'liga'.
Eu amo pessoas, amo ainda mais quando elas são de verdade!

Pessoas de verdade!

quarta-feira, março 14

Para amar

Meu sonho de amor não é daqueles
onde apenas os belos existem.
Não, eu quero é mais do que beleza na mesa,
eu procuro um conteúdo inventado, único e feito sob medida.

Eu quero abraços e beijos intermináveis,
um outro como eu, porém um tanto melhorado,
com sorriso doce e olhos de cristal,
com a cara boba e um ombro celestial.

Prefiro as verdades do que as mentiras doces,
meu amor é sincero demais,
a recíproca tem de ser verdadeira.
Verdadeira.

A sós seremos apenas nós, nós dois
que seríamos apenas um,
dois corpos e apenas uma alma, um coração,
um sentir, um pensar e um agir.

Sonharei com surpresas fora de data,
vou esperar para ser surpreendido a cada instante.
Quero uma novidade a cada toque,
a cada beijo, a cada olhar.

Não peço muita coisa não.
Um alguém assim que me conheça melhor
que até mesmo eu.
Alguém que saiba me dizer

o que é preciso para me acalmar,
que saiba me fazer sorrir
e que me faça saber amar.
Alguém para amar.

segunda-feira, março 12

É o fim?

Experimentei um outro alguém
fiz isso só para fugir dos meus pensamentos
eles não queriam deixá-lo em paz.
Fui de encontro a outros lábios que não eram os seus

Me peguei com o pensamento em você
durante todo o intenso beijo,
mas nem de longe era parecido com o seu
nem de perto era tão intenso e doce.

Eu tenho tentado fugir de você a cada instante do meu dia,
quero te enterrar no lugar mais escuro e fundo do meu coração,
não quero mais me confundir no meio da sua confusão,
não quero lembrar que talvez ame tanto você.

Confesso que busquei uma saída covarde,
mas ela só me levou ainda mais até você.
Como vou dormir sem ouvir a sua voz?
E amanhã? Quem vai me acordar?

A verdade é que sou mais dependente de você do que o contrário,
sempre achamos que o contrário era o mais provável, mas veja bem..
Provavelmente você está bem, bem com o seu outro alguém,
bem com sabe-se lá quem.

E eu estou aqui, na fossa,
na solidão e na saudade.
Saudade do seu toque, da sua boca,
do seu beijo e do seu corpo.

Vou ter de me acostumar a viver sem ter você.
Nunca mais seu gosto, seu sorriso, seus olhos
Ah! Deus, como eu adorava o seu olhar!
Acho que não cheguei a confessar isso,

a propósito, deixei de confessar tanta coisa.
Quando te roubei para mim fiz de maneira tão errada,
trapaceei, não fui correto, não fiz valer meus princípios
e não pensei em ninguém!

Canalhice! Sou odiado por todos os que te rodeiam,
sou difamado diariamente e me responsabilizam pelo seu insucesso.
Sempre achei que você pudesse me defender disso,
mas estava preocupado demais em continuar agradando a todos.

Lembra os nossos planos? Aqueles para o segundo semestre...
Lindos sonhos, a minha pureza e ingenuidade
achando que seríamos uma realidade do pra sempre.
Na realidade talvez o infinito seja uma simples questão de conceito,

é subjetivo dizer, é incoerente afirmar.
Talvez você volte para os braços de quem sempre lhe esperou,
típico, eu diria, mas se for para ser feliz,
vá com Deus.

Mas leve essa dor e esse vazio que você deixou aqui.
Cate tudo, tim tim por tim.
Não quero vestígios e nem lembranças suas,
não quero ter saudades do que ficou...

Essas lágrimas que passeiam em meu rosto machucam,
cavam um buraco tão profundo
que me tiram a vontade de amar novamente.
Não quero mais amor.

Não, não é o fim.
Dure o tempo que você gostar de mim (acho que gosto de você)
Entre o não e o sim, só me deixe quando o lado bom
for menor do que o ruim (acho que não existe mais lado bom para nós)

Eu também me assusto muito, você não percebe
eu sou um menino, um inexperiente garoto
ansiava aprender tanta coisa ao seu lado (e aprendi)
só queria saber se fiz a diferença para você.

Hoje toquei outros lábios que não eram o seus,
desejei em segredo que fosse você.
Nunca vou admitir para mim,
nunca vou aceitar que pensei em você quando tentava te esquecer.

domingo, março 11

Domínio

Confesso que errei também.
Fui tão errado quanto você,
ou melhor, talvez eu tenha feito ainda pior.
Sempre dissimulando, mudando as regras

Fui uma farsa para mim mesmo.
Eu vou de mal a pior,
eu mesmo, assassino do meu eu,
Matador de borboletas

frio, cruel e indecifrável.
Tão confuso e inadequado, nunca vi igual.
Peco na ânsia de querer ser feliz,
mas felicidade? Dela eu tenho medo.

Não sei aceitar, nem acredito que eu possa conseguir
que eu possa relaxar e apenas crer.
Sou envolvido em um emaranhado de sentimentos
que na maiorias das vezes nem são meus,

mas que na verdade são completamente meus.
Sou um alguém que nem sabe de si,
que nem sabe onde ir
e que já soube o que é sorrir.

sábado, março 10

Cento e oitenta e tantos dias comigo

6 meses e 3 dias.
Uma vida de sentimentos.
Um emaranhado de sensações que eu jamais
imaginava que iria sentir.

183 dias.
Dias de chuva, sol, amor, tristeza, alegrias,
brigas e mentiras. Muitas mentiras.
Minhas mentiras, suas mentiras, nossas mentiras.

4.392 horas.
Horas de dor, de prazer (muitas de prazer), de sorrisos e lágrimas.
Horas nossas, nossas horas, horas em que éramos felizes (nem sempre),
mas ao término tínhamos certeza de que nos amávamos.

263.520 minutos.
Foram tantos de ternura, de paz, de loucuras
eu me apaixonava mais a cada minuto, a cada toque de você
a cada beijo meu coração se tranquilizava e sabia que você era o que queria para mim.

15.811.200 segundos.
Por milhões de vezes meu coração batia descompassado ao te sentir
Por trás da minha cara amarrada eu esperava silenciosamente que você
me calasse e acalmasse com um beijo, beijo que nunca acontecia.

Hoje: 1 dia.
1 dia do primeiro de muitos sem você.
Doeu tanto hoje, doeu ontem e vai continuar doendo sabe-se lá por quanto tempo mais...
Pela primeira vez depois de meses não sei como você está, não sei de você
e nem sobre o seu dia.

Hoje não ouvi sua voz, não ouvi as suas declarações de amor sempre tão previsíveis
e a voz chorosa implorando para me ver.
Sempre fomos rodeados pelo medo e por uma infantilidade ingrata.
Hoje somos o retrato do que deixou de dar certo, do que deixou apenas feridas profundas.

Passei tanto tempo achando que conhecia,
mas equivocado estava eu.
Agora fico aqui com a cabeça repleta de 'flashes' da nossa infeliz história
tento descobrir o quê de tantas palavras eram verdade.

O amor é realmente algo bastante ingrato.
Durante muitos anos da minha vida assisti filmes extremamente românticos
formatei na minha cabeça a imagem de um amor que não existe
tenho o sonho de um amor irreal.

Completamente incrédulo estou eu.
Estou cansado, fatigado e dilacerado.
Algo dentro de mim mesmo não está bem, eu pareço nem ser eu mesmo.
Vou ansiar todos os dias para isso passar, mas de você não quero nem lembrar mais.

quinta-feira, dezembro 29

Eu?

Sou desses meninos estranhos que se vê por aí
Busco amores impossíveis, sonho com coisas simplórias
E que, para a maioria, são insignificantes, sem sentido
Desnecessárias e inalcançáveis.

Já tentei ser outro e não ser eu,
Já fui meu vizinho, meu inimigo
E fui também aquele meu amigo popular,
Já tentei tantas formas, mas sempre retorno as primícias.

Estou gasto, cansado e desiludido.
Não ofereço nada de interessante e vantajoso para alguém,
Não pareço com os rostos bonitos que são vendidos na televisão
E nem me visto como um lorde da moda.

Sou um simples garoto do campo
que se faz de homem, de importante
Que toca a vida, conforme a vida lhe toque,
Conforme o vento soprar.

Posso ser forte, fraco, manhoso ou tímido.
O que o coração manda eu faço, mesmo que me refaça,
Me crie ou recrie, eu renasço num passo
E viro cinzas noutro passo.

Cada um tem de mim exatamente aquilo que cativa,
Quem já cativou, eu me desapego, me despeço
E sigo apenas com uma pequena saudade no peito,
Mas sobrevivo e sigo em frente.

Sou cheio de medos dentro de mim,
Medo da morte, medo de errar, de não conseguir,
De ser infeliz. Medo de ficar só, de não ter amigos,
De não conseguir corrigir erros incorrigíveis.

Tenho medo da mentira, da falsidade,
Da ilusão.
Tenho medo de me entregar para uma vida
Que de minha não tem nada,

Medo de viver apenas diversões momentâneas e passageiras
Sem nunca conseguir encontrar a eternidade, ou pior,
Sem nunca saber da sinceridade, da honestidade,
Da verdade que somente os olhos são capazes de expressar

E o coração de sentir.
Medo da doce e saborosa ilusão,
Uma paixão avassaladora recheada de mentiras e injúrias.
Um martírio dentro do próprio coração.

Mas eu sigo o meu caminho, sem rumo certo ou destino.
Não levo nada na lembrança, no peito uma esperança:
não ter de sentir a dor de um outro amor, mas ainda assim
conseguir encontrar um coração tão sedento como o meu.

domingo, novembro 27

Nossa conexão 'banda larga'




Era uma tarde sei lá como
estava em um lugar sei lá onde,
conectando-me em alguém que estava a milhares de distância,
conexão que perdura durante tantos e tantos anos.

Às vezes a velocidade diminui,
ou há uma pequena queda nessa conexão,
mas a qualidade do que se sente
insiste em manter o plano banda larga

com conexão 24 horas dia, com direito a milhares de horas
durante as madrugadas frias por parte de um
e quente do outro lado.
O nosso jogo é perigoso, menina

Nós somos fogo e gasolina!
Eu incendeio, eu faço hora, eu vôo na valsa..
Você faz gracejos, encanteia, distribui
simpatias e cortesias,
Mas sabe castigar.

Mas não há mal que se perpetue,
não há tristeza que não passe,
Não há um só dia, em que de fato, não sintamos saudades de aprontar um com o outro
Assim nós vamos vivendo..

Engano a saudade,
Sinto a sua falta e lembro com carinho e amor
das noites mal dormidas e dos desfiles exclusivos.
Enquanto eu existir algo em mim sempre estará conectado em ti.

domingo, julho 17

Medo?

O medo é uma dor
ou será uma flor?
Eu lhe dou a flor do medo,
mas que flor é esta?

Será que toda flor é dor?
Ou será que o medo não é nada disso.
Medo, dá medo do medo que dá.
Confesso que tenho vários desses,

alguns já me assombraram, mas ao longo
me deixaram,
abandonaram,
me jogaram fora...

Mas outros me agarraram
e parecem não querer soltar mais.
Sera que tudo se resume
a medo?

domingo, junho 26

Despedaçando-se, um garoto


Ele era um garoto, um menino não tão belo, mas com um coração enorme. Ele sempre sorria e costumava acreditar na força das coisas. Fazia de si um grosseirão frio e cético, mas esta era a sua defesa contra o mundo sempre tão esmagador e destruidor de sonhos. Ah! E como ele sonhava, sonhava sem parar e viajava o mundo todo através de seus incríveis poderes mágicos, fazia tudo isso em cima de sua cama ao som de uma melodia doce e calma. Vivia as maiores histórias de amor e deixava a paixão fluir por todos os seus poros, ele era feliz. Em seus sonhos sempre era correspondido, nunca sofria as consequências do destino, consequências estas que nem sempre eram tão agradáveis.

O tempo passava e os sonhos não eram mais o suficiente para alegrar o garoto, as lágrimas não deixavam mais os olhos. Ele se questionava por que teria desistido da UFMS, mas sabia que esta era apenas mais uma das histórias que queria que fosse verdade.. Ah! E que história! Mas ele não se saíra tão bem dela.. Deixara um pedaço do seu coração perdido nas brechas do tempo. Ele teve medo o tempo todo, sentiu-se estranho e fora do controle. Seu peito doía de solidão e ele ansiava pelo término deste mal, desta dor. Sofrimento sempre fora algo que não alegrava o menino, nisso ele não era bom. Procurava sempre fugir da dor.. E assim o fez, apagou todos os vestígios que pudessem lembrar-lhe das terras longínquas que ousara visitar. Queria que tudo fosse como se nunca tivesse acontecido, mas os fatos haviam sido lapidados em seu coração, marcados com ferro em brasa, com o fogo repentino da paixão.

Restava-lhe apenas as conversas para ler, apenas elas, mas os olhos não se aguentavam quando lia as palavras que agora lhe pareciam tão falsas, mas que antes haviam lhe tirado os maiores sorrisos. De repente tudo parecia tão pequeno, tão cheio de nada.

Sentia falta de seu aparelho telefônico tocando a todo momento, sentia falta de rir com ele na mão. Seu coração pulsa a cada novo torpedo, as esperanças sempre ficam e as dele parecia que não findavam.

Às vezes sorria lembrando, às vezes eram as lágrimas que tomavam o lugar do riso. O peito doía. Que dor é essa? Ele queria expulsá-la de dentro dele, queria poder se esconder nos braços de outras pessoas, queria poder se entregar a todos, lutava para achar alguém que lhe fosse possível, encontrar alguém que realmente lhe dissesse tudo sem medo, que se sentisse preparado para receber o seu amor.

O garoto, pobre tolo. Sofria agora as dores de um amor não vivido, ou deveria dizer mal vivido? Teria sido platônico?

A noite se encerrava com o rosto coberto do choro, ele apenas pensava e pensava e pensava: Quando é que o amor vai realmente acontecer comigo? Quando?

E assim afundou a cabeça no travesseiro e se permitiu dormir, sem sonhos, por que estes seriam pouco a pouco abdicados de sua vida vazia, de sua alma vazia... De seu coração partido, pequeno e despedaçado.

domingo, junho 12

Eu não sei

Dos dias frios que se seguem
eu tiro apenas duas coisas:
a solidão e o marasmo.
A solidão dessa vida exclusiva e tão só,

Vida sem razão, sem emoção.
Marasmo que me consome, que me enche o peito
do tédio impregnante de cada dia,
de cada amanhecer, de cada ar, de cada tudo!

O cansaço dessa vida minha,
desse andar e suor de cada dia.
O cotidiano sangrento e turbulento
me esmagando, dilacerando, destruindo.

Morre dia-a-dia uma parte minha,
morrem as rosas?
Morre o meu ar, o meu lar,
Morre o meu ser, morre o meu eu.

O eu de hoje distinto do de ontem
e metamorfoseando-se para o futuro,
para o ali, o lá, o outrora.
Quem serei? Quem sou? O que fui?

Eu não sei, eu não sei, eu não sei.

domingo, maio 15

O menino da casa da frente

O garoto da casa da frente era realmente um sujeito curioso. Dos vizinhos ninguém o conhecia, mal nos dirigia um olhar, quem dirá uma palavra.
Era engraçado observá-lo, literalmente falando, já que o jeito um tanto quanto estabanado estava presente sempre junto dele. Percebia facilmente que ele se esforçava para parecer sério.
A priori até que conseguiu, mas como é que alguém que acorda as 7 da manhã e liga o rádio no último volume pode ser levado tão a sério assim? Uma contradição talvez? Cadê o respeito ao próximo? Segundo o material dos bons costumes este deveria ser um dos primeiros itens a ser seguido a risca... Mas o menino não parecia se importar com isso, já que inúmeras vezes ouvíamos a gargalhada estridente e engraçada que ele tinha. Parecia uma daquelas pessoas desencanadas com a vida e que sempre leva todo mundo a se questionar sobre quando deve ser o momento certo de se levar a sério? Costumava sorrir internamente, quando não sorria é por que estava zangado, isso era praxe quando ele saía de casa no primeiro horário ou quando chegava no último! Ah! e quando saía com aquelas roupas de gente elegante também não parecia muito feliz.
Não me canso de observá-lo aqui da minha janela, mas ultimamente ele tem se tornado tão desinteressante. Sai sempre com as mesmas roupas, sempre de cara amarrada e parece mais triste que o comum. Será isso a solidão? Será stress? Será infelicidade?
Mas, espere... por que tanta solitude? Será que não percebe que eu o noto aqui da minha janela? Será que as coisas não andam bem? Nunca o vi com ninguém.. O que será que há de faltar? O que será?

Das que não entendo

Das coisas que não entendo
Eu não consigo emitir opiniões de imediato
Não sei se é medo ou insegurança.
Se duvidar são as duas coisas, até por que elas querem dizer a mesma coisa neste caso.

De tudo o que sei,
sei por que pensei e meditei antes de
efetivamente dizer que sei.

Não sei se hoje sei mais do que ontem
ou se é hoje que menos sei.
Afinal: O que é mesmo que eu sei?

terça-feira, março 8

Meu amor virtual

Entre uma centena de possibilidades, com tantos cliques e ctrls c’s e v’s eles se conheceram em uma tarde de domingo. A tradicional apatia de inicio de conversa e aquelas perguntas tão clichês preencheram o aplicativo de mensagens instantâneas que utilizavam. Um desfile e várias risadas. O encantamento foi mutuo de um para com o outro. A história se seguiu no dia seguinte, desta vez, porém, os dois se viam, apareceram um para o outro. A curiosidade foi despertada e agora queriam saber e conhecer cada detalhe um do outro: Cores, amores, sabores, sonhos, medos e desejos. Compartilhavam o dia e passavam horas olhando um ao outro. Não tardou para que começassem a sentir necessidade de descobrir o corpo, a curiosidade e os hormônios tomavam a frente da relação e faziam com que todo e qualquer pudor fosse temporariamente esquecido.
Não demorou para que viessem as juras e as promessas de amor eterno, havia ainda a vontade de tocarem-se, sentirem-se e eternizarem o sentimento que agora aflorava. No telefone a timidez, a voz grave de um lado, a doce e sensível do outro. A cumplicidade diminuía o constrangimento do ato e dava espaço até para algumas risadas.
Toda noite a rotina se repetia. O dia se torna completo com a visão que se tem do alheio, sem ela o dia é apenas mais um dia, sem tanto sentido, sem graça alguma. É só mais um dia.

quinta-feira, dezembro 30

Era ele e era ela

Era um dia calmo, fazia frio e calor. A temperatura variava de acordo com o teor alcoólico dele. Um dia feliz e uma noite solitária. A solidão o fazia lembrar-se do frio, mas isso não importava tanto, já que estava feliz. A falsa idéia de liberdade naqueles dias em que tinha a casa só para si encantava-o. Durante a madrugada e a sua solitude refletia sobre a vida, sobre os amigos e as vontades que costumava sentir.
Entretanto, logo deixou de ser sozinho e pôde abrir-se com ela, ela que ele começara a admirar e que sabia mais de sua vida do que muitos que há tanto conviviam com ele. Conversavam e confessavam coisas um para o outro, acreditavam na veracidade das palavras e dos gestos.
Ele falava sobre ela e vice-versa. Mostravam que se conheciam mais do que sempre pareceu. Liam um ao outro, provando que é fácil fazer isso quando realmente reparamos e valorizamos os demais. Exploravam a maravilha que eram.
Ambos se escondiam em mascaras, sentiam medo e não largavam o porto seguro, eram orgulhosos demais para admitir e se protegiam em casulos, moradia esta que se intensificava e quanto mais o tempo passava, mais difícil era o desapego do covarde abrigo improvisado.
“- Azuis com rosa parece legal.” Dizia ela. Ele concordava com um sorriso no rosto, era bom dividir com alguém! Ah, era ótimo poder contar tudo a alguém! Realmente adorava pessoas que perguntavam sem receio, perguntavam o que queriam saber. E ele adorava a objetividade existente nela. Como gostava! Ao mesmo tempo ele clamava: “- Brilhe! Você pode, e sinto que quer mais do que isso!” E como ela queria, ah se queria!
Ela despertava nele a vontade de ser quem realmente era, e em contrapartida ele tentava fazê-la admitir seus próprios valores acreditando na magnitude que ela sempre demonstrou ter. E que realmente tinha! Ele sabia que ela tinha! Confidentes e amigos. Sentiam falta um do outro e lamentavam a distancia.
A dualidade nos sentimentos fazia parte deles. Amavam, sofriam e sentiam a falta de carinho, de andar de mãos dadas e de demonstrações publicas de afeto. Dois bobos que sorriam fácil com as coisas tolas, mas que eram capazes de lhes arrancavam os mais sinceros sorrisos.
Era ele e era ela: cúmplices e confidentes da madrugada. Por fim adormeceram, ele sorria e ela... Bem, sobre ela, ele nunca saberia.

quarta-feira, dezembro 29

À primeira vista

Lembro-me como se fosse hoje da tarde em que nos conhecemos e você me sorriu pela primeira vez. Pediu desculpas por ter esbarrado em mim e riu aprovando a camiseta engraçada que eu usava naquele dia. Lembro que passamos o restante do show olhando um para outro naquela arquibancada tão cheia de pessoas que pulavam, gritavam e suavam. Eu não parecia feliz e você parecia incomodada com isso. Eu estava encabulado por não conseguir tirar os olhos de você, que já parecia perceber. Sempre que nossos olhares se cruzavam desviávamos um do outro, mirando os próprios pés.
Finalmente aquele show terminara, mas com ele você também ia embora e me deixava ali. Foi então que por movido sabe-se lá por quem eu fui até você e lhe entreguei um papel. Seus amigos todos riram. Você apenas o pegou e sorriu, depois seguiu rumo à saída sem olhar para trás. Não deixou nenhuma esperança, apenas aquela sensação de rejeição.
Odiei-me, me achei um imbecil. Pensava em inúmeras possibilidades, tantos ‘ses’ enchiam a minha cabeça. ‘Se’ eu tivesse falado com ela, ‘Se’ eu tivesse sido mais agradável e animado durante o show, ‘Se’ eu não tivesse esperado ela ir embora para demonstrar meu interesse. Definitivamente eu sentia algo errado comigo, não conseguia tirá-la dos meus pensamentos, ela me visitava em meus sonhos incansavelmente. O mais estranho era a esperança que ardia dentro de mim. Eu imaginava que iria me deparar com ela em todo lugar. Na escola, no restaurante, na lanchonete. Confesso que tantas vezes fui passear pela cidade esperando encontrá-la. Eu queria ver aquele sorriso mais uma vez, poder apreciá-la, talvez, quem sabe, até conseguiria conversar com ela.
Foi então que um dia, voltando do colégio eu a vi passar, dentro de um ônibus, linda e com os cabelos esvoaçantes, um rosto belíssimo misturado com um meio sorriso. O olhar estava perdido, permitindo olhar as coisas por onde passava sem dar exclusividade a nada, apenas olhando. Mais uma vez os nossos olhares! Os nosso olhares! Eu podia sentir que ela lembrava. E mesmo que não sentisse, eu inventaria que senti! Eu notei o brilho do olhar mudar e o sorriso perder-se dando espaço a uma expressão de duvida.
Um instante depois eu já não a via. Sorri infeliz, senti saudades de alguém que eu nem sabia o nome. Balancei a cabeça, amarrei o cadarço e tomei meu caminho. Desde então me lembro daquele olhar, todos os dias eu aguardo a ligação, iludo cada parte do meu ser, cada partícula do meu sentir, esperançoso de que ela ainda tinha aquele papel, a iniciativa tardia e desesperada que realizei para tornar a ficar próximo dela novamente.
Hoje faz quatro dias desde o show. Hoje recebi um torpedo “Oi! Adorei a camiseta. E me desculpe mesmo pelo esbarrão. Angel”
Sorri.